Feminismo:O movimento feminista
surgiu há séculos e ganhou diversas vertentes ao longo dos anos para abraçar as
demandas e lutas de todas as mulheres
Revista Cláudia
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Gender design over white background, vector illustration (Reprodução/ThinkStock) |
O feminismo é um movimento de luta pela
igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres que surgiu há séculos e
que ganhou força na metade do século XX.
Por ser
um movimento antigo, a militância feminista ganhou diversas vertentes ao longo dos anos para
conseguir abraçar as demandas e lutas de todas as mulheres e de todas as minorias. Moda militante: confira camisetas com frases impactantes
“Hoje
vivemos os ‘feminismos’. Sempre temos que falar no plural, pois este é um
movimento marcado por uma dinâmica horizontal”, disse a pesquisadora Carolina
Branco de Castro Ferreira, do núcleo de estudos de gênero Pagu, da Unicamp, em
entrevista ao HuffingtonPost Brasil.
Atualmente,
existem diversas vertentes e minivertentes dentro do feminismo. Assim,
destacamos a principais correntes do movimento e o que cada um defende.
Feminismo
negro
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A ativista Stephanie Ribeiro é um dos principais nomes do feminismo negro no Brasil atualmente (Mariana Pekin/CLAUDIA) |
O feminismo negro é uma vertente que ganhou força
especialmente nos anos 1980, quando o movimento negro se fortaleceu no Brasil e
no mundo. Ele surge e defende a ideia de que a mulher negra sofre dupla opressão, por ser mulher e afrodescendente, como explica
Natalia Monteiro, em seu artigo publicado no Coletivo Minissaia.
Ou seja:
além de lutar pela igualdade de oportunidades para homens e mulheres, o feminismo negro batalha para inserir
a mulher negra na sociedade.
Entre as
pautas presente nesse braço da militância feminista estão a luta contra
a intolerância religiosa e a valorização das religiões de matriz africana, a inclusão de mulheres negras na moda, a criação de
produtos de beleza feitos para peles negras, a luta para combater a
padronização da beleza e apresentar as mulheres negras também
como belas.
Além
disso, fala-se muito sobre a solidão
da mulher negra, que não
é “vista como sujeito para ser amado”, como disse Stéphanie Ribeiro a
CLAUDIA, mas seu corpo é constantemente fetichizado. Em relação
ao salário, mulheres negras também ficam atrás, ganhando salários 37,5% menores,
e esse quadro também precisa mudar.
Feminismo interseccional
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Jesz Ipólito, além de mulher, é gorda, negra, lésbica e pobre. Por isso, ela sabe da importância de um feminismo que respeite todas as minorias (Arquivo Pessoal/Reprodução) |
O
feminismo interseccional, ou feminismo pós-moderno, procura conciliar as pautas ligadas às mulheres
aos temas que são pertinentes às demais minorias – como classe social, raça,
orientação sexual, deficiência física.
Dessa
forma, o feminismo interseccional é definido como uma grande colcha de retalhos na qual aparecem reinvindicações
do feminismo negro, do LGBT, do asiático e do transfeminismo.
A corrente
foi apresentada em 1989, quando o termo foi inicialmente usado pela professora
norte-americana Kimberlé Crenshaw. Ele reconhece que nem todas as
mulheres sofrem as mesmas opressões que as outras.
Além
disso,o feminismo interseccional admite que nem sempre
a mulher como indivíduo está em situação de desvantagem nas relações de
poder. As
mulheres brancas, por exemplo, ganham salários maiores que os homens negros.
O
feminismo interseccional é uma das vertentes mais receptivas à participação dos homens no movimento
feminista.
Feminismo
liberal
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Emma Watson milita por uma mudança política na igualdade de gêneros e convida os homens a fortalecerem a luta (*/Reprodução) |
O
feminismo liberal é uma corrente que visa assegurar a igualdade entre os gêneros garantir que a mulher tenha sua liberdade de escolha por meio de
reformas políticas e legais. “[É um movimento que luta por mudanças que respeitem] as escolhas
da mulher diante da sua vida, seja qual for, pois estará exercendo seu poder de
decisão.”, defende Monteiro.
Para suas
militantes, a violência do Estado ajuda a promover a coerção sobre a liberdade da mulher e a reforçar as
desigualdades de gênero na sociedade.
É a
corrente feminista mais antiga que existe e surgiu no século XVIII.
Porém se desenvolveu com força no século XIX, quando as mulheres da época
buscavam melhores condições de vida e garantia à cidadania. Foi através das
lutas que essas mulheres conseguiram suas primeiras reformas na igualdade entre
os gêneros, como o direito ao voto.
Atualmente,
a corrente luta para a ascensão de mulheres a posições em instituições como o
Congresso, os meios de comunicação e as lideranças de empresas – além, é claro,
da equiparação salarial.
Um dos expoentes
do feminismo liberal na atualidade é a campanha #HeForShe, criado
pela atriz Emma Watson, que
procura trazer os homens à luta das mulheres para ampliar a pressão
política – a exemplo do que acontece no feminismo interseccional.
Feminismo
radical
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Shulamith Firestone escreveu aos 25 anos o livro ‘A Dialética do Sexo’, considerado um dos mais radicais da luta feminista (*/Reprodução) |
O
feminismo radical surgiu nos anos 1960 e 1970 como uma corrente da militância
feminista inspirada nas obras de Shulamith Firestone (1945-2012) – autora do livro A Dialética do Sexo – e Judith Brown, que discutem o conceito de gênero e o apresentam como forma
estrutural de opressão contra as mulheres.
As radfem (como são conhecidas as mulheres
que militam no feminismo radical) argumentam que gênero é uma ferramenta social para que aconteça a opressão da mulher pelos homens, através da hierarquização entre o masculino e o
feminino.
Dentro do
próprio feminismo radical existe uma minivertente chamada TERF
(“Trans-Exclusionary Radical Feminists”), que defende a ideia de que
transexuais não podem se auto-identificar como feministas – uma vez que
nasceram biologicamente com órgãos reprodutores masculinos.
Muitos a
consideram, no entanto, transfóbica por desrespeitar a ideia de que
mulheres trans são tão mulheres quanto as mulheres cisgênero – aquelas que
nascem biologicamente no gênero que lhe foi atribuído no nascimento.
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